sábado, 19 de março de 2011

Conversei muito com Pan nessa noite. Aliás, ele dorme logo ali depois de ter entornado algumas muitas garrafas do meu melhor vinho. Sim sou Sibila uma das amadas de Apolo  e meu preço é alto demais para alguns. Para outros nem tanto... Me arrasto sonhando e chamando o  único deus que teve meu coração. Mas o único de quem realmente tive medo. O deus de beleza impar. O mais perfeito. Apolo perfeito em toda a extensão de sua divindade.
 Quantas vezes o chamei em silencio esperando que venha me dar hoje apenas um sorriso? Quantas  vezes nesses anos o observei?
 Centímetro por centímetro.
 Sim a sua maneira ele ainda me ama.
 Ama a mulher que ainda sou escondida nas rugas do tempo.
 Envergonho-me a cada encontro. Arrependo-me a cada encontro. Como não,  se ele tão lindo e tão perfeito. Quando me visita em sonhos me faz a moça que um dia fui?
 Aquela que Apolo um dia amou. Aquela que por medo de tua beleza e graça se negou a ele.
 Por que os medos são sempre maiores que a vontade de viver  o que realmente queremos? Minha culpa.
Eu tive medo. Medo de me perder em tanta felicidade. Medo de recomeçar uma vida que até a chegada de Apolo simplesmente era. Nada demais. O normal. Acordar e dormir como todos.
E Apolo me deu a escolha. Viver por ele e com ele ou viver a seu modo. Jamais esperei virar lenda ou mito. Mas seria isso, se fosse um dos seus amores.
 Não quis. Não quis receber o que ele me dava pelo tempo que ele quisesse. Quis me garantir sozinha.
 Olha só. Uma mulher castigada pelo tempo e esquecida por ele.Quase lenda já.  Não posso ver o fim de minha existência. São contados em grãos de areia  os meus anos.
Até quando pagarei  por me recusar a ser feliz nos braços amorosos de um deus?
 Até quando ele ainda lembrara-se de mim?
 Olho a Pan e me entristeço com sua historia.
 Ele nunca foi belo como Apolo, mas seu coração sempre foi um dos mais lindos e justos que tive a honra de conhecer.
 Sempre foi amigo dos animais, deus dos pastores, mas isso de ter tanto de Dionísio, o fez sonhar, o fez quase conhecer a loucura do querer. Fez exatamente ao contrario de mim. Ele foi a busca de seu amor. Mas a aparência também aqui pesou. Pan ainda tem seu amor feito flauta... Ela, Sirinix uma ninfa que de tanto medo dele e de sua feiúra se fez um simples bambu. Pan não duvidou, o cortou e fez dela, sua flauta. E  ela está com ele. Por isso sua musica encanta. Ela toca a historia de um amor verdadeiro. Um amor acima de qualquer aparência. O amor de Pan. Ele gera temor e medo entre muitos. Mas é ainda o protetor, o bom amigo. Um companheiro. Verdadeiro acima de tudo. Digam-me a justiça das senhoras do destino pode aqui ser julgado?
 Não creio. Nem os próprios deuses podem algo fazer! Se assim o fosse o que conhecem como mundo já não mais existiria.
O assunto veio a ser um: Medos.
 Medos de Sibila, de Ninfas, e dos homens. Medo da entrega e da felicidade.
 Não nos entregamos.
Preferimos definhar sozinhos a uma entrega absoluta e verdadeira.
 Covardes perante a vida e aos deuses. Pagamos exatamente a moeda que queremos. Covardia de tentar ser feliz é a pior delas. Não se atenta contra aos deuses somente. Ela atenta contra nós mesmos. Pois somos gostemos ou não, parte deles. Sempre e para sempre.
Respondam-me são divagações de uma velha bruxa? Ou ainda temos medos de responder, uma vez que o medo da vida aqui sempre superou qualquer outro, mas não os escondeu.
 Pan é feliz... Mesmo com todas as falhas em sua feiúra, ELE CONSEGUIU. Perseguiu um de seu amores e com ele está. Mesmo que não seja o que pensou. Ninfa tola! Mas com certeza foi o que quis. A diferença entre ele e eu:
 Ele arriscou.


Azam Ali - Vas - Unbecome HD

segunda-feira, 14 de março de 2011

Hoje após uma reunião  entre sátiros e ninfas, estou pensando mais.
E não estou com humor e paciência para ser gentil.
 Sobre o que cada ser humano pode vir a se tornar. O quanto suas investidas pela vida são Infrutíferas, uma vez que cada um retorna vez por vez na carne.
Observando as ninfas sempre falarem a verdade e os faunos sempre a seduzirem,  me pergunto. No que são diferentes dos humanos?
 Seus sonhos são praticamente os mesmos. Um companheiro a altura.
Mas que altura?
Saio volta e meia, a observar como hoje as pessoas se dizem totalmente verdadeiras. Mentira!
 Nunca o foram e nunca o serão!
 Mentem de principio, a si mesmas. “ah não quero compromisso, só quero uma transa legal e que dure a eternidade que o poeta descreve!” mentira. D e novo.
 Espelhos retorcidos com  a busca esquecida.
Ah não que seja pior do que antes. Hoje todos são tão lindos. Tão limpos. Viva a tecnologia!
Todos super atarefados, mas bem. Outra mentira.
 Somente quando colocam a chave na porta é que sabem o tamanho da solidão em suas almas.
 Do que realmente conta.
 Mas passam batidos e seguem  ligando para outro alguém, de preferência tão sozinho como estão. Os iguais nunca se repeliram. Risos.
 Ou fingem perante aqueles com quem dividem o espaço. Por vezes relações mortas, estagnadas a ponto de adoecer a alma. Mas seguem  mentindo. Faz parte de seus shows!
O espetáculo da vida revestido de papel barato.
 Uma noite dessas um amigo me disse; “saí, mas não gostei de ser caça, sempre fui caçador.”
Todos sempre foram caça e caçador! Regra básica da existência!  Sempre querem  estar na dança humana do ir e vir. Mulheres continuam a prestar seu culto a Afrodite,  se perfumando se fazendo mais femininas e homem cultuam a Dioniso ou Apollo. Procurando manter o abdome sarado. Todos buscam as flechas certeiras de Eros. Por vezes são filhos de Narciso. E esquecem o principal: que Narciso foi castigado.
 A beleza real vem de dentro e não se reveste de perfume.  Ou tem um tanquinho. Ela existe. Ou não.
 Não se esconde em danças e melodias, mas brilha por si mesma.
Facílimo dizer “ah não era o que buscava”. Buscavam o que mesmo? Sua metade?   Está certo. Risos. Deveriam antes tentar ver a metade que acham que são. Serem limpos... Tirar toda maquiagem que usam para o mundo.
E reclamam dos Deuses! Culpa deles sempre!
 Um segredo: Os Deuses não estão nem aí para as injurias.
 Mas observam e muito. Existem poucos que merecem isso. Realmente poucos.
 Olha para as Bruxas. São sempre felizes sozinhas... São mesmo?
 Não é toda a verdade. Tem seus Deuses. Mas também são carne. Então também  buscam algo a mais. Ou correm desse algo a mais. Sabem o que significa: Recomeço. Mudanças. Diferenças balanceadas com muita verdade.
 Ou seja, uma confusão a mais a si mesma. Fogem disso e tentam a proteção da harmonia. Espertas e covardes.
Os Semideuses pagaram tributos demais. Não querem se incomodar de volta. E Não descem até os mortais.
 Então... Somente os mortais encontrarão mortais.
 Mas e ai?
 Não aceitam as falhas que tem em si mesmos! E querem Deuses. São feitos do que mesmo?
 De mortalidade. Devem perceber isso. Ou serão os eternos chorões que cantam melodias tristes e  fazem odes ao amor de Eros.
 Eros é um tirano.
 Somente olha aonde quer e a quem quer. Não o irritem.
 São doloridas suas flechas.
 Nem sempre  o ouro que mostram significam o doce mel que buscam.
Cansei de avisar a Claudius... Cuidado com o que sonhas realmente. Teu coração será tua ruína.
 Aviso a vocês. Saibam o que sonham e o que realmente querem. Misturem isso. Dosem e saibam dividir. Ou a ruína será de vocês.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Prazer, sou Sibila!

Olhando pela abertura de minha caverna, analiso minha existência... Sim moro numa caverna. Por que não moraria?
 Um lugar que sempre impôs respeito causou medos insondáveis.  Com o tempo isso me divertiu. Depois causou tristeza e depois mais nada. Mas não se  enganem. Tenho todos os recursos que uma senhora de milhares de anos poderia ter. Tenho desde a rede até o melhor dos perfumes.  Velha, mas ainda assim mulher. Risos...
 Pois bem quem não conhece ainda a estória de Sibila?
 Aquela por quem o Deus Apolo se apaixonou e prometeu um presente?
 Aquela que loucamente pediu ao Deus que lhe descem tantos anos quantos grãos de areia houvesse em suas mãos?
 Não poderia jamais imaginar que Eros estava junto a mim, ou sua flecha de ponta chumbada.
 O que me causou o desamor com Apolo.
 E Apolo apesar de sua beleza  divina me causou  indiferença. E ele se irritou. Ah como se irritou! Um deus novamente ser rejeitado por uma simples “mortalzinha” como eu!

Poderia ter  pedido a imortalidade. Mas sabem como funciona a  cabeça de uma moça bonitinha e cheia de ambição?
Nunca me achei tão poderosa assim.  Nunca mais que as outras. Mas para a época eu sabia usar minha beleza a meu favor. Bem... achava que soubesse.
Até me deparar com o Deus. Por que não cedi a seus caprichos... Por que não sabia de seu destino!
Nem pena senti. Apenas o recusei.  O beijei mas recusei sexo com ele.  Jovem tola que era!
Eu recusei a Apolo!   
Primeiro conselho: Nunca o recusem! Ele sabe se irritar como poucos!
Por isso hoje me escondo de todos... Uma mortalzinha de alguns milhares de anos impossíveis de serem contados. E não os contei.
Arrasto-me por vezes pelo mundo dos sonhos, onde consigo de alguma maneira voltar a ser a mesma  por quem Apolo se apaixonou. Nos sonhos o deus vem me buscar e amar.  Oh ele é bom! Mas ao acordar sinto apenas menos dores da idade.
Mas apesar de minha aparência um tanto. “senhora”, não se engane: Sou a Sibila que já ouviram falar. A mesma  que foi oráculo em Roma. A mesma que tantas desgraças viu e profetizou.
Sou Sibila e isso deveria bastar.
Mas o mundo esquece-se dos que realmente contam... Meus dons oculares são mais que lenda. São reais. São tão atuais quanto o foram a milhares de anos. O que eu falar através dos ventos se dará. O que vejo é mais que certo. Acontecerá com a ajuda dos Deuses ou não. Leio o destino de homens e deuses como nenhuma  outra. Parte de meu acordo com Apolo. Se quiserem assim pensar... Minha gruta tem frestas, basta terem de coragem de tentar ouvir os muitos segredos que profetizo. Basta conseguirem entender
Tarquino tentou negociar comigo. O futuro de Roma. Achou caro o meu preço. Queimei três livros. E mantive o preço inicial, ele tentou negociar e queimei mais três. Finalmente ele pagou o preço dos nove e levou apenas três. Claudio veio incógnito me visitar e o saudei como merecia. Como o imperador que era. Tibério  também o fez.
 Assim o é. Vejo o mundo em sua  glória ou seu terror. Quem se atreve a vir me ouvir hoje em dia?
 Quem poderá  ouvir-me?
 Só adentrem meu mundo se assim  tiverem prontos para receber minhas palavras. Os farei pensar e talvez até mesmo me odiar. Mas falarei apenas a verdade. Nada fará diferença. Amem-me ou odeiem. Mas assim será. Conheço a emoção humana. Sou  como vocês. Apenas muito mais velha.
Meus sorrisos aos medrosos e meu olhar aos corajosos

terça-feira, 8 de março de 2011

Um pouco de mim

I want to undo the woman and go back to being a witch
I want the primary essence inside me
thinder, lightning and wind
whatever it takes to unleash all anger
All the anger go, all the pain agonize
Black veils that cover me from head to toe and let the woman forgotten.
No, I do not want enchanted dreams, I want energy.
I want to bleed my feet on the stones of the path, I want to walk till I get tired, but take what really keeps it on me
Anger. Just that. Deep anger. Broken trusts. Broken dreams, twisted mirrors.
Who needs them? From simple gates to complex hell.

 The terrible idea of touching what you. Pity for what wasn't supposed to exist.

 The witch as the blackest form presents herself, that devour what had flourished, destroying what was once achieved, to erase what was ultimately suffered.
 The nails bleed, the feet cut!

The road itself must be maintained. So let it be done.

 Black Moon meets my search ... May the gods close their eyes to such offense. Not even that.

 A chant ... no crying this time ... remove the skin,  flay the souls ... I Do not care
the witch screams shapeless, without a standard ... Cover your ears.
 Not a drop to anyone! Nothing ... Let the winds carry it to the nothingness where it came from !
 Contempt!
Agony!
Meaningless!

 Break the mirrors, the witch passes, no longer wants to be seen.
That the moon covers the black witch. And may all be undone!
No tears, no pain, no sighs. Just that.

Cleaning sacrifice. Real sadness and no more
Lightning burn what stays in us.
Thunders that hide the agony ...
Wind ... Be friendly and clean all the pain and the color of my soul!
That bleed the dream in torment!
That kill what little is left of life semi dead in acting ... Death of a dream, not dared, death of the not desired pain, death of the not requested reflex
Make the fires!
Do not confuse compassion with cleaning, it is not even close to that.
Damned and undeserved pain, just that.
Let it Bleed until its end.


Quero desfazer a mulher e voltar a ser bruxa...
Quero a essencia primaria de dentro de mim...
trovões, raios e ventania,
o que for preciso pra desencadear toda ira
Que toda raiva se vá, que toda dor agonize.
Que os véus negros me cubram da cabeça aos pés e deixem a mulher esquecida.
Não, não quero sonhos encantados, quero energia.
Quero sangrar meus pés nas pedras desses caminho, quero andar até cansar, mas tirar o que realmente mantém isso em mim
 Ira. Somente isso. Ira profunda. Confianças quebradas. Sonhos desfeitos, espelhos retorcidos.
Quem precisa deles? De portais simples a infernos complexos.
 A terrivel  idéia mexer onde não se deve , não se mexe com mortos sem ter seu preço pago, um  rio muito escuro e profundo a se nadar. O barqueiro zangou-se então!
Desprezo pela inocencia recem nascida. Pena pelo que não era para nem existir.
 Que a bruxa na forma mais negra se apresente, que devore o que tinha florescido, que destrua o que antes conseguido, que apague o que por fim foi sofrido.
 Que sangrem as unhas, que se cortes os pés!
O caminho em si deve ser trilhado. Então que se faça.
 Lua negra atende minha busca... Que os deuses fechem seus olhos a tamanha ofensa. Nem isso.
 Um canto... sem choros dessa vez... que se arranque a pele, se esfolem almas... Nem ligo
a bruxa grita sem forma, nem padrão... Tapem os ouvidos.
 A ninguem sobre uma gota disso! Nada... Que os ventos carreguem isso ao nada de onde veio!
 Desprezo!
Agonia!
Sem sentido!
 Quebrem os espelhos, a bruxa passa, não quer  mais ser vista.
Que a lua negra cubra a bruxa. E  tudo desfaça!
Não lágrimas, não dor, nem suspiros. Apenas isso.
Limpeza em sacrificio. Tristeza real e não mais que isso
Que raios  queimem o que nos fica.
Que trovões escondam a agonia...
Ventania...Seja  enfim amiga e limpa a dor e toda cor de minha alma!
Que sangrem os sonhos em suplicio!
 Que  matem o pouco que resta de vida do nati morto em exercicio... Morte do sonho, não ousado, morte da dor não querida, morte do reflexo não pedido
Façam as fogueiras!
Que não se confunda limpeza com piedade, nem de perto é isso.
Dor maldita e não merecida, apenas isso.
Que sangre até seu fim.
Arieni/Horus